O que esperar do PIX a partir de agora?

O que esperar do PIX a partir de agora?

Ontem iniciou a operação do Pix no Brasil e o mercado tem muita expectativa sobre o que vai acontecer a partir de agora.

No dia a dia já é imaginado que tenhamos diversas mudanças de comportamento como por exemplo o efeito no uso de outros meios de pagamento como boleto, cartões de débito, TED/DOC. Mas e quais são os outros efeitos que vamos notar?

Aumento na liquidez e velocidade de circulação do dinheiro

Com o funcionamento 24/7 e a liquidação em near realtime nós ganhamos a opção de não nos restringirmos mais as ofertas do banco que nos atende melhor na média, ou seja, aquele banco que atende melhor que te atende melhor no geral mas não em todos os produtos.

E por que? Por exemplo, PicPay resolveu pagar 210% do CDI para os valores depositados na conta deles, mas não oferece cartão de débito. Sem problemas, posso deixar o dinheiro lá, e se precisar usar débito em algum lugar ou mesmo quiser sacar posso transferir pra outra conta que ofereça o serviço.

Nubank cobra pelos saques, mas pelo menos oferece uma rentabilidade melhor que um banco como o Itaú, que por sua vez não cobra pelos saques. Sem problemas, quer sacar, manda o dinheiro do Nubank para o Itaú e faça seu saque.

Você pode usar o que for mais conveniente pra você sem precisar se preocupar com manter saldo em qualquer lugar específico.

Do ponto de vista macroeconômico, isso pode significar um aumento de produtividade ou de inflação, e por que isso? A teoria quantitativa da moeda tem uma equação famosa que aponta:

Quando levamos essa teoria para sua aplicação na inflação de longo prazo, temos uma versão modificada que utiliza as taxas de crescimento:

(1)   \begin{equation*} {oferta\:de\:moeda} \times {velocidade\:de\:circulação\:da\:moeda} = {nível\:de\:preços} \times {PIB\:Real} \end{equation*}

(2)   \begin{equation*} {\Delta\:oferta\:de\:moeda} \times {\Delta\:velocidade\:de\:circulação\:da\:moeda} = {\Delta\:inflação} \times {\Delta\:PIB\:Real} \end{equation*}

Considerando a taxa de crescimento da moeda constante transformamos para:

(3)   \begin{equation*} {\Delta\:inflação} = {\Delta\:oferta\:de\:moeda} - {\Delta\:PIB\:Real} \end{equation*}

Normalmente essa teoria trata a velocidade da moeda como constante, mas de fato, é algo que pode se alterar como em situações como esta que temos agora, o desenvolvimento do sistema financeiro impactando a circulação, isso pode tornar velocidade mais alta e estimular uma alteração no produto.

O FED de St. Louis, em um artigo analisando a velocidade da moeda nos EUA, questiona o por que a dramática mudança na base monetária após a crise subprime não impactou sua inflação. Como resposta, afirma que houve uma mudança na disposição do público para guardar dinheiro e isso desacelerou a circulação de moeda.

Em que situações essa disposição pode mudar de forma tão dramática?

  • Expectativas ruins após uma crise financeira
  • Queda muito drástica das taxas de juros que pode tornar melhor manter dinheiro liquido no lugar de títulos.

E o que devemos esperar do impacto no Brasil?

Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares (ou reais, como preferir).

Sua resposta vai depender do tamanho do impacto na velocidade de circulação, o impacto da pandemia no comportamento das pessoas em manter a posse de dinheiro e o impacto das taxas e juros reais negativas que estamos observando no momento.

A resposta de qual efeito sobressaiu só teremos mais a frente.

Será que o Google vai criar seu “banco”​ no brasil?

Será que o Google vai criar seu “banco”​ no brasil?

Mistério resolvido, o Google entrou em contato e deu seu posicionamento oficial:

“O Google Brasil esclarece que o pedido de autorização de arranjo e instituição de pagamentos em análise no Banco Central está relacionado à emissão de vales-presente (gift cards) para compras no Play Store. O serviço encontra-se em operação.”

Assessoria de Imprensa, Google Brasil

Post Original
Nos últimos dias vi diversos veículos publicarem notícias citando a solicitação de autorização ao Banco Central, para operar contas de pagamento do tipo pré-paga. 

Será que os participantes do mercado deveria se preocupar?

Que tal analisarmos o caso? Sabemos que o Google atua em diversos segmentos onde precisa operar pagamentos e em muitos casos pode requerer a custódia de capital, e para viabilizar essas operações isso requer que atenda os requisitos do regulador local.

Todos sabemos também, que o Google é um negócio de um tamanho enorme em todos os países em que atua e por isso quase tudo que faz segue as mesmas proporções. 

Aqui não seria diferente, por isso é importante notar identifiquei que ele já atua como sub-credenciador (vide a lista de homologados no SLC da CIP) e que desde 2014 ele já operava contas de pagamento do tipo pré-paga (vide listas de participantes não integrantes do SPB do Banco Central).

Portanto, acredito que vale refletir. Será que essa solicitação tem relação com uma nova estratégia da companhia ou esse movimento se trata apenas de um passo normal como uma exigência de sua escala atendendo a regulação do Banco Central?

Eu apostaria no segundo. Por enquanto.

Referências: